Assim como nós, seres humanos, os alimentos não conseguem escapar do efeito do tempo. O queijo e o vinho ficam melhores com o envelhecimento; infelizmente, no entanto, este não é o caso do Pet Food.
O período compreendido entre o momento em que os kibbles saem da extrusora e a hora em que eles chegam à vasilha do seu pet pode levar vários meses. Durante essa jornada, a oxidação pode afetar as propriedades nutricionais e transformar o aroma dos alimentos à base de aves em um odor rançoso, o que é bem menos agradável.
Portanto, os fabricantes de Pet Food precisam estar cientes disso e controlar a estabilidade oxidativa de seus produtos para garantir que eles permaneçam nutritivos e atrativos para o pet e seu tutor.
Quais são os métodos para avaliar a estabilidade oxidativa do Pet Food? Quais são os marcadores de oxidação a serem rastreados?
Siga as etapas para medir todo o processo de oxidação do Pet Food ao longo do tempo…
Estabilidade oxidativa: escolha os indicadores corretos
A oxidação lipídica (i. e., de gordura) é um fenômeno comum que afeta a qualidade do Pet Food em processo de deterioração. Causado principalmente por altas temperaturas ou pelo contato com o oxigênio, esse conjunto complexo de reações gera compostos oxidativos responsáveis por odores rançosos, sabores desagradáveis e perda de valor nutricional.
É comum a adição de antioxidantes aos alimentos para pets, a fim de limitar esse fenômeno, porém o nível desses antioxidantes diminui com o passar do tempo à medida que eles são consumidos por reações geradas por compostos oxidativos.
Os níveis de compostos oxidativos específicos e antioxidantes residuais no Pet Food em processo de envelhecimento podem ser usados de forma pertinente como indicadores para avaliar a estabilidade oxidativa ao longo do tempo.
No encalço dos compostos oxidativos
O mecanismo de oxidação lipídica que ocorre no Pet Food pode ser resumido em 3 estágios: iniciação, propagação e terminação. Cada estágio de reação gera diferentes compostos oxidativos.
Durante as fases de iniciação e propagação, os ácidos graxos se transformam em radicais livres e hidroperóxidos, sendo ambos compostos primários de oxidação.
Durante a fase de terminação, os hidroperóxidos se decompõem em produtos secundários de oxidação. Estes incluem compostos voláteis como aldeídos, cetonas e ácidos graxos de cadeia curta, responsáveis por odores desagradáveis, bem como compostos não voláteis que afetam principalmente o sabor.
Atualmente, muitos compostos oxidativos gerados durante o processo de envelhecimento são utilizados como indicadores do estado de oxidação. Desses compostos, 3 categorias, primárias e secundárias, são mais adequadas para matrizes complexas, como por exemplo o alimento seco para pets:
- Os hidroperóxidos medidos com o Valor de Peróxido, expresso em miliequivalentes de oxigênio por kg de gordura (mEq/kg de gordura).
- Aldeídos voláteis como hexanal, pentanal, propanal e 2,4-decadienal, medidos com cromatografia gasosa e expressos em ppm.
- Aldeídos não voláteis, medidos com o Valor de para-Anisidina (sem unidade).
Cada indicador fornece informações distintas e complementares. Para obter uma visão completa do estado de oxidação de um produto, é melhor rastrear vários compostos oxidativos durante um estudo cinético.
Medindo o nível de antioxidantes residuais
Os antioxidantes protegem os alimentos retardando as reações oxidativas. Dependendo da sua natureza, eles atuam de maneira diferente. Os antioxidantes podem reter metais e oxigênio na fase de iniciação ou capturar radicais livres durante a etapa de propagação, limitando assim a geração de moléculas indesejadas.
Quando se utilizam vários antioxidantes, eles são consumidos em velocidades (taxas) variadas, até que não reste nenhum deles ou até que o alimento seja ingerido. Os níveis de antioxidantes residuais avaliados em relação ao nível inicial é um bom indicador do estado de oxidação do Pet Food.
Todos os antioxidantes utilizados em um produto devem ser monitorados, pois eles atuam em diferentes etapas da reação de oxidação.
Estudo de estabilidade oxidativa: escolha do método
Uma vez selecionados os indicadores relevantes de oxidação, é possível definir um protocolo para acompanhar a evolução do processo oxidativo. Existem dois métodos principais para avaliar a estabilidade oxidativa de um produto alimentício ao longo do tempo. A principal diferença está na duração do estudo.
- Estudo em tempo real: o produto é armazenado em condições ambiente, enquanto durar o prazo de validade previsto. O estado oxidativo do produto é testado durante todo o período de armazenamento, em pelo menos 6 pontos no tempo.
- Estudo acelerado: o produto é armazenado em uma incubadora, a uma temperatura mais alta (40 a 60°C) e, às vezes, com umidade relativa mais elevada. Esse método acelera as reações e, portanto, reduz a duração do estudo em 4 a 5 vezes.
Muitas vezes, a escolha do protocolo é feita de acordo com o tempo disponível, as restrições de custos e importância estratégica do produto.
O estudo em tempo real é o mais preciso (exato), mas também o mais demorado e, portanto, mais caro. Caso seja necessário tomar uma decisão, esse tipo de estudo poderá ficar reservado para o lançamento de um novo produto ou para uma grande mudança na fórmula.
O estudo acelerado é uma boa opção que reduz o tempo do teste de alguns meses para algumas semanas, sem deixar de ser confiável, especialmente para comparar um antioxidante atual com um novo.
É uma prática recomendada realizar um estudo em tempo real e um estudo acelerado simultaneamente, para que, caso ocorra algum problema de oxidação no estudo acelerado, o estudo em tempo real possa ser interrompido mais cedo.
Seja qual for o método escolhido (estudo em tempo real ou acelerado), as condições de teste, como a duração do armazenamento, a temperatura, os indicadores e a frequência de análise, devem ser cuidadosamente selecionadas para serem as mais representativas da vida futura do produto.
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